Autismo infantil: o que é, sintomas e tratamentos
Conteúdo
O que é autismo infantil?
Desde meados dos séculos XVII e XIX, quando a psiquiatria engatinhava, começavam alguns relatos científicos de casos semelhantes ao que hoje se conhece por autismo. Esses relatos foram importantes para que o desenvolvimento do que se entende pela doença avançasse.
No entanto, a definição do que é autismo infantil como se conhece hoje é relativamente nova. Ela data especificamente do ano de 1943, quando Leo Kanner, conhecido como “pai do autismo”, criou o conceito com base em seus estudos. Seu famoso artigo é intitulado “Os distúrbios autísticos do contato afetivo”. Também em 1943, Hans Asperger, que viria a ser outro autor importante para o crescimento do conhecimento sobre a doença, escreveu sobre a psicopatia autista na infância como tema de doutorado.
Na sua famosa obra, Kanner descreveu o quadro de 11 crianças que acompanhara, todas tendo em comum uma espécie de isolamento externo exacerbado desde muito pequenas, com uma incapacidade de se relacionarem com outras pessoas e situações. Esse comportamento, portanto, poderia ocorrer desde os primeiros meses da criança.
Com o passar do tempo, os estudos no tema evoluíram. Na década de 1960, por exemplo, chegou a ser considerado um dos maiores mistérios da psiquiatria infantil. Isto justificava aprofundamento nos estudos, com o fim de gerar maior capacidade de entendimento sobre a condição, suas causas, tratamentos e sintomas. Nota-se que cada vez mais o interesse sobre esse tipo de transtornos crescia.
Atualmente, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) é um documento basilar e bastante importante sobre o que há de mais atualizado em autismo. Nele, define-se o Transtorno do Espectro Autista (TEA) como “déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, atualmente ou por história prévia” . Sendo assim, entende-se hoje que as dificuldades de quem é autista podem aparecer logo no início da vida ou aparecerem com o passar do tempo. Esses transtornos têm como tendência surgir quando criança e permanecer por toda juventude e idade adulta. Há, igualmente, diferentes níveis: desde os mais leves e sutis até os mais altos e mais visíveis. Os sintomas comportamentais e de interação social variam conforme o grau.
Leia nosso artigo sobre a síndrome de down
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que hoje uma em cada 160 crianças possui TEA. A OMS ao mesmo tempo reconhece que há estudos que sugerem que os números, de fato, são ainda mais elevados. A organização indica igualmente que existem indícios de que a doença tem aumentado em incidência nos últimos anos, sendo que as causas (como maior conscientização sobre o tema) são apenas hipóteses, indicando a necessidade de maiores estudos. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, a predominância da doença é em meninos, acometidos em até quatro vezes mais do que pessoas do sexo feminino.
No decorrer deste artigo, será exposta para o leitor uma visão completa sobre o autismo infantil. Iremos ver desde suas causas até possíveis tratamentos. É importante o uso da informação para combater o estigma que muitas vezes recai sobre a doença, sobre o enfermo e sobre quem o acompanha.
Causas do autismo infantil
Apesar de termos exposto que as pesquisas na área são feitas de maneira intensiva nas últimas décadas, ainda existe muita falta de conhecimento sobre diversos fatores dela. As causas são um exemplo. Via de regra, reconhecem-se que crianças podem ser mais propensas a desenvolver a doença por algumas razões:
- Fatores ambientais
- Carga genética e histórico familiar
- Sexo da criança (meninos têm mais)
- Idade dos pais (uma gravidez avançada traz mais riscos)
- Existência prévia ou concomitante de outros transtornos, como esclerose tuberosa ou epilepsia
- Algumas drogas e medicamentos ingeridos durante a gravidez
Além disso, há que se combater a má informação e o desserviço sobre alguns mitos. Por exemplo, já se sabe que vacinas não causam autismo: embora haja sim muito desconhecimento sobre a doença, os especialistas encontraram resultados definitivos sobre isso. Vacinas como contra a rubéola, sarampo e caxumba não causam autismo.
Segundo a OMS, os estudos anteriormente existentes que afirmavam essa possibilidade possuíam uma série de erros metodológicos. Ou seja, não eram válidos. Quando foram refeitos, foram negados e desmistificados. Deixar de vacinar a criança é um erro grave. As mais importantes instituições de saúde do mundo são unânimes nesse sentido.
Sinais e sintomas do autismo infantil
Algumas pessoas com transtornos do espectro autista conseguem viver independente de outros. Enquanto isso, há aqueles que não conseguem, que necessitam de cuidados que perdurem por toda a vida. Isto significa que há uma grande diferença sintomática, o que remete aos sinais e sintomas de autismo.
O TEA normalmente começa enquanto criança e permanece por toda juventude e vida adulta. Outro fator complicador é que muitos dos que são acometidos pela doença possuem outras condições ao mesmo tempo, como depressão, ansiedade, epilepsia, etc.
Essa enfermidade traz uma série de sintomas. Eles são bastante amplos e podem aparecer conforme o caso. Alguns sinais de crianças e adolescentes com autismo infantil são:
- Não demonstrar interesse por nenhum objeto
- Não olhar para os objetos quando outra pessoa mostra
- Ter reações anormais para como as coisas cheiram, aparentam, soam, etc – ou seja, com reações sensitivas
- Repetição intensa da mesma ação
- Ter problemas em adaptação a mudanças de rotina
- Perder habilidades que já tiveram (como desaprender a falar algumas palavras)
- Dificuldade de se expressar com palavras
- Ficar repetindo de forma inusual palavras e frases que lhe foram ditas
- Demonstrar interesse por alguém mas não saber como interagir
- Evitar contato visual com outros
- Vontade de ficar só
- Problemas em se relacionar com outros ou não ter interesse nisso
- Usar rimas que não fazem sentido
- Dificuldade de empatia
- Possível agressividade exacerbada
Esses sintomas podem variar também conforme a idade. O Ministério da Saúde brasileiro elaborou a classificação que resumimos abaixo:
- 6 a 8 meses: não há iniciativa de interagir ou de responder a interações; não possuem interesse em provocar prazer nos outros; não tentam responder os outros nem balbuciar; não há movimentos de antecipação do próximo; ausência de movimento de se virar para o local de onde vem a fala humana; indiferença de tratamento em relação a quem é da família e quem não é.
- 12 a 14 meses: dificuldade de resposta quando chamado nominalmente; sem atenção compartilhada; não aponta para mostrar aos outros o que lhe atrai a atenção; sem fala ou fala de palavras incompreensíveis; não imitam brincadeiras e gestos; não tentam chamar a atenção de quem é conhecido;
- 18 meses ou perto: isolamento exacerbado; começam a surgir os comportamentos repetitivos e restritivos; perda de desenvolvimento (por exemplo, se já falava algo, não conseguir mais); possibilidade de ausência de fala ou ausência de vontade de falar; falta de interesse por outras crianças e predileção por ficar só; possível ausência de fala.
Alguns sinais e sintomas de quem é autista podem ser vistos variando conforme a idade e o tipo da doença. O CDC classifica em três tipos:
- Síndrome de Asperger: é o grau mais leve. Até pouco tempo enquadrada fora do transtorno do espectro autista, foi englobada nessa definição exatamente quando foi adotada a definição de TEA. Um dos principais sintomas é que quem possui a doença fica tão focada num só objeto ou assunto que chega a ser obsessivo.
- Transtorno Invasivo do Desenvolvimento: esse é um pouco mais intenso que o anterior e mais leve que o próximo, ficando, portanto, num nível intermediário. Os principais sinais a serem observados são a falta de interação social, competência linguística prejudicada e alguns comportamentos que se repetem.
- Transtorno Autista: nesse caso, os sintomas normais da doença são bastante exacerbados, num nível acima das condições acima.
Como ficou claro, então, há diferentes níveis da doença. São classificados em três:
- Nível 1: é o mais leve. Problemas relacionados a comunicação social e os comportamentos repetitivos e restritivos existem, mas não são em nível tão alto.
- Nível 2: intermediário. As habilidades de interação social já são mais fortemente afetadas, mesmo quando são incentivadas. Há mais dificuldade ao lidar com mudanças de hábitos e os comportamentos repetitivos ocorrem mais.
- Nível 3: o mais grave. A interação social, falada ou não, é muito afetada. Os comportamentos são similares aos do nível anterior, mas mais exacerbados. É sem dúvidas o nível mais dependente de auxílio para as atividades comuns.
Tratamento para o autismo infantil
Uma vez que temos ideia de quais são as possíveis causas, os sinais e os sintomas, um dos próximos passos é tentar compreender quais são as formas de tratamento. Para isso, entender o diagnóstico também é importante.
Por mais que os sintomas possam aparecer desde cedo na infância, é só a partir dos três anos que os médicos apontam que há possibilidade de um diagnóstico mais seguro. Isso acontece porque até essa idade os sintomas podem ser frequentemente os chamados falsos positivos; isto é, parecem indicar algo errado, mas na verdade não há nada.
Mesmo assim, o médico em qualquer idade vai observar se no paciente existem os sinais de atraso no desenvolvimento a que nos referimos na seção de sintomas e sinais de autismo. Embora após os três anos seja mais seguro, é comum um diagnóstico definitivo antes disso. Principalmente em função do tipo e do grau da doença, às vezes bastante característicos. O especialista irá identificar se existem pelo menos seis dos sinais convencionais de autismo.
RECEBA NOSSAS NOVIDADES NO SEU E-MAIL
Se não for observado em casa pelos pais, é comum que o pediatra consiga observar numa consulta regular, especialmente se em nível mais grave. Ele vai realizar testes comuns para ver se a criança está com o desenvolvimento adequado. Se for necessário, irá indicar o especialista adequado para o prosseguimento dos exames e posterior diagnóstico.
Esse especialista irá trazer uma série de questões referentes a temas como histórico familiar. Em seguida, irá prosseguir com exames físicos, genéticos e neurológicos. Tudo isso é necessário para o diagnóstico correto e, por conseguinte, tratamento. Procure um médico experiente e que seja especialista se suspeitar de algo com seu filho ou filha.
Caso o diagnóstico seja indicativo de um dos tipos de autismo, é hora de tratar. Um tratamento correto busca reduzir os sintomas, como a agressividade e a agitação, principalmente. Um tratamento adequado é multissetorial e pode passar por algumas fases:
- Medicamentos: podem ajudar em certos casos, mas sua eficácia depende muito do quadro e tem um resultado individualizado.
- Abordagens comportamentais e de comunicação: é importante também o tratamento psicológico. Até mesmo musicoterapia é utilizada com sucesso em muitos casos. É importante controlar o comportamento, abrandando os sintomas mais fortes.
- Mudança de dieta: algumas comidas, ricas em determinados nutrientes, podem ser mais adequadas.
- Medicina alternativa: algumas formas de medicina alternativa, como a oriental, são às vezes utilizadas também.
Como esta é uma doença que não tem cura, é importante conversar com um médico sobre a melhor forma de tratamento. Só ele saberá dizer o que é mais adequado e o que não é. Por isso é indicado um profissional especialista e experiente, que saiba avaliar as necessidades do paciente.
Curta nossa página no Facebook
Nos siga no Instagram
Tratamento natural para o autismo infantil
Como o tratamento deve ser feito englobando diversas áreas, há algumas formas que não envolvem medicamentos que podem (e devem) ser utilizadas. Elas buscam ajustar o comportamento e tornar quem tem TEA mais independente:
- Acupuntura
- Yoga
- Musicoterapia
- Complexos vitamínicos
- Terapia com psicólogos
Como prevenir o autismo infantil
Infelizmente, não há muitas formas conhecida de prevenir o transtorno do espectro autista. Como dissemos anteriormente, suas causas são tanto ambientais quanto genéticas.
Nesse último caso, a medida é mais drástica. Cerca de metade dos casos de TEA são por predisposição genética. Assim, se essa possibilidade é forte, se já tivemos um filho ou filha autista, então às vezes não é recomendável ter outro. A chance do próximo filho ser alguém que desenvolva a doença é consideravelmente elevada. Um médico especialista saberá avaliar melhor, caso seja esse o caso.
Muitas pesquisas têm sido feitas para compreender melhor como funciona todo o ambiente que permeia essa doença. Especialmente em função dos fatores ambientais: quais são exatamente e como preveni-los? Talvez no futuro estas respostas sejam mais claras. Hoje, infelizmente, há muita restrição de conhecimento, apesar da grande quantidade de produção acadêmica e de especialistas que tem sido feita nas últimas décadas.
Referências sobre autismo infantil
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v22s2/3795.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_atencao_pessoas_transtorno.pdf
https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/facts.html
https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-autismo-sintomas-tipos-infantil-leve-e-mais
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/autismo
https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-autismo-sintomas-tipos-infantil-leve-e-mais/