Bronquite em bebe ou asma: o que saber para cuidar
Na raiz da palavra, bronquite significa inflamação dos brônquios. No entanto, popularmente quando dizemos que a criança tem bronquite em bebe, na verdade estamos querendo nos referir à asma.
Isto quer dizer que bronquite em bebe é na prática sinônimo de asma. Esta é uma doença inflamatória crônica. Seus sinais e sintomas são persistentes e acometem as vias utilizadas para a respiração. Um dos sintomas muito comuns é a tosse, por exemplo.
O que iremos fazer neste artigo é atualizá-lo sobre essa enfermidade na infância. Ela é muito comum e causa muita confusão – a começar pelo nome correto, como vimos. Por isso, é importante estar atento às suas características. Com essa leitura, você irá ficar mais informado sobre o que de fato é a bronquite em bebe e como lidar com ela.
O que é a bronquite em bebe
A bronquite em bebe é, na verdade, um termo utilizado de forma popular para designar a patologia conhecida pelos médicos como asma brônquica, especialmente quando ela ocorre em crianças. A asma é uma doença alérgica na qual o órgão acometido são os pulmões, levando o paciente a manifestar principalmente tosse e falta de ar.
Na maioria das vezes, o que provoca esta alergia são os famosos ácaros, inalados pelos pacientes quando entram em contato com travesseiros ou colchões antigos, cobertores e roupas guardados, cortinas, tapetes, bichos de pelúcia. Outros causadores comuns da alergia são os pelos de gatos e cachorros, o pólen das plantas, partículas de perfume, entre outras substâncias diversas.
Para entender o processo da asma brônquica é fácil: basta lembrar daquele amigo que tem alergia a picada de inseto! Ao ser mordido, a pele dele fica bem vermelha e bastante inchada, certo? Da mesma forma acontece nos brônquios, dentro do pulmão, quando o paciente inala uma partícula a que é alérgico! O brônquio fica inchado, de forma que dificulta a passagem de ar por eles e leva o paciente a apresentar falta de ar.
Isso quer dizer, então, que as chamadas vias aéreas inferiores do paciente ficam inflamados. Ela fica obstruída pela existência de um edema, pela contração da musculatura lisa brônquica e pela hipersecreção de muco. O corpo responde de modo muito sensível a essas partículas alérgenas que citamos.
Quando a doença está presente em bebês e crianças de idade muito baixa, é sempre desafiante para o médico realizar o diagnóstico desta doença. Isso porque até dois terços das crianças podem ter chiados nesse período – o que é um dos sintomas mais marcantes da asma. No entanto, isto não significa que de fato elas estão desenvolvendo a doença, pode ser algo normal e que não vai evoluir para asma, acabando os sintomas nos anos seguintes. Inclusive, algumas doenças respiratórias podem ter sintomas quase idênticos ao da asma, levando à confusão.
Essa doença não deve ser subvalorizada. Ela tem uma prevalência de 20% no Brasil, considerada elevada, e pode levar à morte. Ela é a segunda razão pela qual crianças de quatro a nove anos mais têm internações hospitalares e a terceira em adolescentes. Somente em 2005, o Sistema Único de Saúde teve um gasto de quase 65 milhões de reais apenas com internações de crianças com esta doença. No entanto, segundo especialistas, falta cuidado de prevenção. Na última seção deste artigo iremos ensiná-lo algumas medidas.
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Causas da asma
Como vimos, a bronquite em bebe, ou asma, a partir da leitura deste artigo, é uma doença que deve ser vista com cuidado. Ela tem algumas causas e fatores de risco que ajudam a originá-la.
As causas de asma na infância não são completamente conhecidas ainda. Ela pode ter origem genética (se os pais têm, principalmente a mãe, é uma possível causa relevante). Pode surgir igualmente se a pessoa já é predisposta a ter alergias (veja se já tem outras, como rinite, por exemplo).
O que se sabe é que ela precisa de uma espécie de “gatilho” que a origine (como infecções ou ácaros, entre outros). Selecionamos abaixo os principais fatores de risco que acabam desencadeando nesta enfermidade:
- Alérgenos: eles são divididos em dois grandes grupos. O primeiro é composto por pólens, ácaros, fungos e pelos de animais. O segundo, por sua vez, tem antígenos alimentares. Nesse segundo caso, muito mais raro de acontecer, alguns exemplos são ovos, leite de vaca, trigo, amendoim, camarão. Acredita-se que até 80% dos casos de asma têm como gatilho alérgenos e substâncias como essas ou as do grupo abaixo.
- Agentes irritantes: poluição do meio ambiente, mudanças de temperatura muito abruptas e fumaça (de cigarro, de indústrias ou vegetal) constituem nos principais elementos deste grupo. Com relação às mudanças de temperatura, esse quadro pode piorar também a rinite, outra doença respiratória.
- Agentes infecciosos: nesta situação, também há uma divisão em dois grupos. Um deles, mais comum, é a de infecções viróticas e por Mycoplasma (um gênero específico de bactérias). A outra hipótese, é composta de agentes bacterianos, mas raramente são estes os desencadeadores de asma.
- Esforço físico: provavelmente o mais conhecido de todos. Quem não tem um conhecido asmático que sofre com falta de ar após exercícios físicos? Essa atividade pode desencadear broncoespasmos (contração da musculatura dos brônquios, é o que leva à falta de ar).
Como podemos ver, esses fatores de risco acabam servindo como o que os médicos chamam de “gatilho” para o desenvolvimento da doença. Se você notar que a criança está desenvolvendo isto, se alguém disser que acredita que ela está com “bronquite em bebe”, pense já se ela tem exposição a alguma dessas causas e note se alguma delas piora os sinais e sintomas que iremos listar na seção abaixo.
Destacamos que, além desses fatores de risco, existe ainda uma evolução da doença ao longo do tempo. Esse histórico do desenvolvimento da doença é resumido por pneumologistas pediátricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
- Sibilância: existe pelo menos 50% de chance de nos primeiros três anos de vida haver pelo menos um episódio de sibilância, que nada mais é do que o chiado das vias respiratórias. No entanto, se formos ver entre os lactentes (que ainda mamam), existe uma estatística que demonstra que 60% a 70% deles têm chiados neste período da vida, sem apresentar mais sintomas após os mesmos 3 anos.
- Possível perda pulmonar: existe a possibilidade de perda da função dos pulmões entre o primeiro e o sexto ano de vida.
- Asma persistente: antes dos três anos começam até metade dos casos da chamada Asma Persistente (quadro piorado da doença) e até 80% antes dos 6 anos.
- Constância: o nível de gravidade que se apresenta na infância, tende a ser o mesmo na idade adulta.
- Evolução variável: esta moléstia pode ter uma evolução variável. Isto quer dizer que uma hora a pessoa pode apresentar os sintomas, depois cresce e eles podem parar, mas no futuro eles ainda podem voltar. Quer dizer que não é contínuo, como se sempre os sintomas estivessem presentes. Eles podem sumir e depois voltar. Os sintomas tendem a persistir quando há episódios repetitivos depois dos 2 anos de idade, história pessoal de eczema ou atopia, história familiar (principalmente a mãe), presença de função pulmonar alterada.
Esses números são mais importantes para o pediatra do que para você, que não tem de decorá-los nem saber interpretá-los. Selecionamos eles para demonstrar como é difícil o diagnóstico. Somente um médico irá saber fazê-lo. Ainda assim, se você conseguir entender algumas dessas estatísticas, pode levar para ele anotações do desenvolvimento da criança, com seu histórico e o que mais achar necessário.
Sinais e sintomas
Você sabe quais são os sintomas de asma em adultos? Se você acha que seu filho tem bronquite em bebe (o que a esta altura já sabemos que é asma), os sinais e sintomas são basicamente os mesmos.
- Tosse frequente
- Sibilância (chiado no peito)
- Dificuldade para respirar
- Constante fadiga
- Respiração alterada, parece que não enche o peito de ar
- Dores no peito
Em caso de emergência, outros sintomas podem aparecer. Fique atento! Se ver que começou a aparecer sudorese, dificuldade muito grande para respirar, ansiedade por conta da dificuldade em respirar, coloração azulada nos lábios e rosto, sonolência ou confusão, é hora de ficar preocupado. Isto significa que você deve correr para ajudar a criança e levá-la a um médico já.
Agora que sabemos os sinais e sintomas, é hora de entender como o médico vai diagnosticar, certo? Afinal, é a partir do relato da presença destas situações que ele vai poder saber o que fazer.
A princípio, o pneumologista pediátrico vai querer investigar mais à fundo todos os casos de criança que de forma constante tenham tosse e chiado no peito. O primeiro passo é o exame físico, no consultório, auscultando o paciente. Além disso, ele irá fazer perguntas para tentar observar a presença dos fatores de risco a que nos referimos anteriormente, o histórico na família, o ambiente psicossocial e a qualidade de vida.
Se houver necessidade, serão pedidos exames complementares para confirmar o diagnóstico. É indispensável que sejam descartadas outras possíveis causas desses sintomas. Uma radiografia de tórax, um teste de sensibilidade a alérgenos e uma espirometria são comumente solicitados.
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Tratamento
Como essa é uma doença crônica, não existe cura. O que será feito pelo médico é a prescrição de medicamentos que ajudem a controlar a enfermidade. Aliado a isso, as medidas de prevenção são fundamentais.
O tratamento em períodos de crise é, obviamente, diferente do tratamento de manutenção e controle da doença. Os remédios indicados e até mesmo o modo que eles são dados (como injeção em vez de comprimido) mudam nos dois casos. Os principais medicamentos utilizados são:
- Modificadores de leucotrienos: são orais e diminuem a inflamação dos pulmões, normalmente associados a corticoides na terapia.
- Beta 2 agonistas: inaláveis, tem como objetivo abrir as vias respiratórias e facilitar a respiração. É um dos conhecidos por broncodilatador. Também são associados com corticoides.
- Teoflina: pode funcionar como broncodilatador e anti-inflamatório. Assim como as outras duas, também é dada em conjunto com corticoides.
- Corticosteroides: podem ser por comprimidos ou inaláveis. São muito utilizados e eficazes no controle da asma. É muito provável que o médico receite uma medicação desta classe.
Como prevenir
A prevenção da asma na infância não existe, porque é, como dissemos, uma inflamação nos brônquios que simplesmente aparece. Não tem muito como evitar que ela aconteça. O que podemos fazer, é evitar que os sintomas dela incomodem o paciente. Isso através de uma série de formas.
- Evitar os gatilhos: claro, se são esses gatilhos que fazem a asma aparecer e trazem os sintomas, por que se expor a eles? Se sabemos que a alergia é a ácaros, por exemplo, o modo certo de agir é evitá-los o máximo possível nos ambientes em que a criança que tem a doença vá com frequência. Se tem um animal em casa que causa a alergia, é bom evitar que durma na mesma cama.
- Exercícios físicos: pode parecer contraditório, mas quando os exercícios físicos são feitos de forma consciente, é bom e ajuda os pulmões. Claro, não é para correr uma maratona no primeiro dia. Tem de ir aos poucos, no ritmo que aguenta, que com o tempo deve sentir uma melhora considerável.
- Controle de outras alergias: se elas também podem ocasionar asma, é bom cuidar delas também, para que isso não aconteça.
- Estar agasalhado: mudanças bruscas de temperatura podem ocasionar, então fique prevenido se estiver frio.
- Vitamina D: há estudos que sugerem que está vitamina pode melhorar os sintomas da asma e o sistema imunológico de forma geral. Então, uma exposição ao sol consciente é fundamental.
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O que vimos é que o que normalmente conhecemos como bronquite em bebe é, na verdade, asma. O nome pelo qual costumamos chamar está equivocado, o que causa muita confusão entre os pais e as famílias.
Se você notou em seu filho algum dos sintomas da “bronquite em bebe” que citamos, se viu que os fatores de risco existem e agem na criança, é bom levá-la a um especialista. Normalmente quem entende melhor disso é o pneumologista pediatra, especializado em doenças respiratórias infantis.
Se o diagnóstico apontar mesmo para esta enfermidade, fique atento aos agentes que causam a alergia na criança. A qual fator seu filho é alérgico? Esteja atento para evitar ao máximo que haja exposição. Fique atento às medidas de prevenção que listamos. Compreendendo bem a doença, tudo fica mais fácil!
Referências
http://www.jped.com.br/conteudo/98-74-s48/port.pdf
http://ftp.medicina.ufmg.br/ped/Arquivos/2013/asma8periodo_21_08_2013.pdf
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/asma-infantil
https://ares.unasus.gov.br/acervo/bitstream/handle/ARES/143/crianca_adolescente_respiratorias.pdf
http://www.spsp.org.br/2007/08/24/asma_ou_bronquite_qual_o_diagnostico_do_meu_filho/
Tag:adolescência, Adolescente, Asma, Bebê, Bronquite, Criança, crianças especiais, infância, saúde
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