Como Entender o Choro de Bebê
“Quero entender o choro de bebê mas não sei.”
Uma das perguntas mais frequentes na prática clínica de Pediatria é essa:
“Doutor meu bebê chora muito, eu não entendo …”
Agora você poderá tirar todas as suas dúvidas
Conteúdo
Como Entender o choro de bebê
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DE ZERO A CINCO MESES:
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O NASCIMENTO
O choro de bebê ao nascer é o som mais esperado.
É o primeiro choro de bebê, alto forte a plenos pulmões.
Durante a gestação o bebê recebe o oxigênio através do sangue da mãe, pelo cordão umbilical, ele se encontra em um meio líquido (líquido amniótico).
Os pulmões estão colapsados, ou seja, todos os alvéolos se encontram murchinhos, fechados se preparando para o nascimento.
Por volta do oitavo mês de gestação forma-se uma substância protetora aos alvéolos chamada surfactante pulmonar.
É essa substância que permite a troca gasosa entre o ar e os delicados vasos sanguíneos do pulmão.
Por isso a criança prematura requer tantos cuidados, até que seus pulmões estejam prontos. Então, ao nascer o cordão é cortado, o bebê entra em hipóxia e ocorre o reflexo da primeira respiração.
O ar expande os alvéolos, e nesse primeiro contato causa a primeira dor da criança, como uma queimadura, porém que cessa rapidamente devido ao surfactante, o bebê então se acalma e já pode dar sua primeira mamada.
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OS PRIMEIROS MESES
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O Ambiente:
O próximo choro de bebê pode ser pelo desconforto de não estar mais no ambiente acolhedor da barriga da mamãe. O ambiente tem mais ruídos, luz, alterações de temperatura, roupinhas… vai chorar até que ele se adapte ao novo mundo para ele.
- Necessidades Fisiológicas:
– Fome! Sede! Sim o bebê precisa de nutrientes para crescer e se desenvolver, antes ele recebia tudo pelo cordão umbilical, agora precisa comer.
O leite materno é o alimento mais apropriado.
Se o bebê chorar em intervalos de tempo inferiores a duas horas e meia, pode ser que a mãe não esteja se alimentando bem. A mãe deve ter uma dieta balanceada por um nutricionista ou pelo próprio pediatra, para poder fornecer todos os nutrientes que o seu bebê precisa
– Cólicas! Agora que o bebê está se alimentando, o sistema gastrointestinal começa a funcionar, se expande com a formação de gases presentes nas bactérias normais da microbiota intestinal. Tudo normal.
A mamãe e o papai podem aliviar as cólicas fazendo suaves massagens circulares na barriga do bebê. Sempre no sentido horário, pois esse é o trajeto do alimento.
Assaduras! Sim as assaduras doem, troque regularmente as fraldas, não deixe muito tempo a criança com a fralda suja ou molhada, essas infecções podem ser graves.
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A Crise dos Três Meses:
– Ciúmes: Entre três a quatro meses o bebê começa a perceber melhor o mundo ao seu redor e que ele não é o único que recebe atenção da mãe, tenha calma e saiba administrar, ele vai se adaptar logo. Procure não dar muita atenção a esse choro de bebê que é mais manhoso do que o vigoroso choro de bebê de dor ou fome.
– Dores de ouvido: Observe se há líquidos no ouvido do bebê, não use o cotonete, enxugue suavemente com toalhas bem limpas e felpudas apenas a parte externa, colocando a toalha sobre o travesseiro, cabeça do bebê virada ora de um lado até o líquido sair sozinho pela gravidade, e depois do outro lado.
Identifique se é dor de ouvido colocando a mão em concha delicadamente sobre as orelhas do bebê. Se o calor de sua mão foi suficiente para o bebê parar de chorar, pode ser infecção no ouvido. Leve ao pediatra. Somente o médico poderá escolher o tratamento mais adequado para seu bebê.
Nessa fase os bebês costumam estranhar as pessoas que não sejam o papai, a mamãe ou um irmãozinho. Podem chorar para que você as proteja. É normal.
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Dentição:
Por volta dos seis meses começam a surgir os primeiros dentinhos de leite.
Observe estes sinais:
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Gengivas vermelhas, inchadas ou esbranquiçadas. Salivação aumentada (baba). Falta de apetite, tudo que o bebê vê pela frente ele enfia na boca esfregando, choro manhoso, febre.
A dentição causa muito desconforto até os trinta meses. Algumas mães gostam de dar um mordedor nessa fase, mantenha-o sempre esterilizado, se o mordedor cair no chão é necessário lavar bem com água e sabão neutro removendo bem o sabão em água corrente.
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Infeções, viroses, ferimentos, alergias
A dor normalmente é o que faz os bebês chorarem intensamente, observe se não há ferimentos pelo corpo do bebê, picadas de insetos, assaduras, arranhões. Mantenha as unhas do bebê sempre aparadas e o ambiente limpo e livre de insetos. Procure não usar muito perfume, crianças têm alergias com facilidade.
Ao dar banho no bebê, verifique a temperatura da água, deve estar bem morninha na temperatura ambiente, praticamente. Se não tiver termômetro, coloque uma gota da água do banho sobre os seus próprios lábios, se você perceber calor, ainda está muito quente. Queimaduras pela água do banho são mais frequentes do que se imagina, e seu bebê vai chorar muito, a pele é muito fina e delicada
O choro manhoso recorrente associado a febre indica infecções, viroses, monilíase (aftas), queimaduras. Leve ao pediatra o quanto antes.
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DE UM A CINCO ANOS:
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Insônia:
Ambientes ruidosos, luz excessiva, tiram ou interrompem o sono do bebê.
As crianças pequenas dormem muito mais do que as maiores. Até um ano de idade tiram longas sonecas entre as mamadas, praticamente só comem e dormem.
Em uma casa normal, há ruídos no decorrer do dia, o lavar de louças, a televisão, conversas em voz alta, risos altos talvez de outras crianças, veículos na rua.
Escolha o cômodo mais silencioso e arejado para ser o quarto do bebê.
Pode-se acalmar o bebê com uma suave música ambiente.
Muitos cientistas relatam em suas pesquisas que a música suave tem poder calmante em crianças.
Procure não pegar a criança no colo todas as vezes que ela chorar, pois isso vai levar a um outro tipo de choro de bebê – o choro da “Birra”
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Quedas:
A partir dos sete meses até por volta de um ano e meio, a criança percebe que pode se locomover. Ou engatinhando, ou puxando coisas para perto de si, ou já tentando subir em algo para ficar mais alta e ver o mundo, até começar a andar.
Uma leve distração dos pais e a criança pode cair do berço puxar uma gaveta, puxar uma toalha de maneira que um prato com alimento quente pode queimá-la, pode subir em uma cadeira e desequilibrar-se tomando quedas perigosas. Pode enfiar os dedinhos nas tomadas,
Essa fase requer atenção redobrada, proteja as quinas dos móveis, tenha trancas nas gavetas e portas. Crianças adoram colocar seus dedinhos em frestas e buracos, podem prender os dedos em dobradiças, tomar choques, enfim… supervisão redobrada. Coloque edredons no chão ao redor do berço, para amortecer prováveis quedas.
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Birra
Durante o desenvolvimento da criança, várias alterações físicas e emocionais irão ocorrer, a criança irá passar por fases de adaptação e negociação para obter o que quer, até perceber que o mundo não gira ao redor dela e para ela.
Desde o berço já começam a perceber sinais que o mundo ao seu redor não é exclusividade dela, e por isso recomenda-se não pegar a criança no colo todas as vezes que chorar.
Aproxime-se, veja o que ele necessita, observe os tipos de choro de bebê, auxilie com as necessidades fisiológicas, balance suavemente o berço (se for de balanço) ou embale o seu bebê no colo por alguns minutinhos até ele dormir, cante uma canção ou coloque música para tocar. Carinho é bom, apenas não exagere
Eventualmente a embale, acaricie a cabeça, jamais sacuda o bebê, ele vai se assustar e chorar mais ainda.
Entre dois e quatro anos a criança passa a se sentir frustrada caso lhe seja dito “não”. Então ela vai chorar, espernear, gritar, fazer escândalo, chamar a atenção até aprender a lidar com suas frustrações.
Frustrar-se com o que não podemos ter, é um sentimento humano bastante conhecido. Nem tudo a vida nos proporciona de bom. Nessa fase da criança é que ela irá aprender a lidar com essa sensação. Muitas vezes a birra ocorre para testar os limites dos pais, não apenas sua paciência, mas quer saber até onde ele pode ir, quem manda mais.
As crianças percebem que o adulto compra o que quiser, vai para onde quiser, na hora que desejar, elas querem poder fazer tudo isso também. Porém não sabem como temos que fazer escolhas internas entre o que podemos ou não fazer, e terão que aprender a lidar com isso.
Você precisara de paciência, amor e uma certa firmeza, olhando nos olhos da criança, incline-se para ficar na altura dela e olhar nos olhos.
Não é necessário gritar com ela, nem puxar, nem bater.
O bom e velho olhar de desaprovação com firmeza são suficientes, esse olhar pode durar até 30 segundos. A criança vai entender que por alguma razão o que ela quer não poderá ter, e que os gritos dela não irão ajudar.
As crianças não tem maturidade emocional para lidar com uma negativa. Se for em um local público, então ela pode estar cansada, com fome, ou sede, ou precisa ir ao banheiro, avalie a situação, explique suavemente que o que ela deseja não será possível agora, negocie com ela. Aos poucos ela irá começar a se habituar.
Lembre-se sempre que muitas alterações físicas e emocionais vão ocorrer até os cinco anos, não é necessário mimar, apenas compreender e fazer as melhores escolhas em cada situação.
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