Como lidar com a dificuldade de aprendizagem do meu filho
Ao estarmos nos referindo a dificuldade de aprendizagem, queremos falar especificamente sobre algumas desordens que prejudicam a pessoa na hora de aprender. Não é uma dificuldade normal, mas sim exacerbada.
O que essas desordens fazem é afetar a capacidade cerebral para receber as informações e adequadamente processá-la. A consequência mais básica disso é a dificuldade de aprendizagem, que acaba se tornando acentuada.
Caso você tenha observado em seu filho alguns sintomas e esteja suspeitando, fique atento ao post. Explicaremos tudo sobre o assunto e iremos demonstrar como identificar e o que fazer nestes casos.
Conteúdo
O que é a dificuldade de aprendizagem?
A dificuldade de aprendizagem pode ser definida de várias formas, sempre de um modo bastante generalista. No entanto, há algumas definições mais precisas do que outras, tendo um uso mais adequado à realidade.
Dentro desses, um dos conceitos que melhor descreve é aquele que diz que a esta é uma dificuldade que não está ligada aos fatores educacionais do professor e dos pais, mas sim de outras fontes. A explicação disso é bastante simples, embora a linguagem pareça truncada.
Na verdade, em outras palavras, o que isto significa é que este problema não é referente ao modo pelo qual a criança recebe o conhecimento. Não importa qual é o método que os pais e os professores utilizem, a criança sempre irá apresentar algum obstáculo maior que as demais.
Nesse caso, ela tem algum prejuízo na aquisição, na construção e no desenvolvimento das funções cognitivas. Isto é, aquelas que ajudam a formar o pensamento e o aprendizado.
Embora normalmente as pessoas acreditem que quem possui isto tem um baixo quociente de inteligência (QI), na prática isto não é necessariamente verdade. Dificuldade de aprendizagem simplesmente quer dizer que está com o cérebro trabalhando menos do que seria possível, abaixo de sua capacidade real.
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O profissional que faz a avaliação das crianças nesta área é o psicólogo. A partir de testes bem específicos e de algumas abordagens, ele estará apto a observar se a criança possui ou não algum problema do tipo.
Normalmente isto é identificável acima de tudo durante a fase de escolarização. Até mesmo por isso é mais comum vermos pais em dúvida do que é. É nessa fase que os responsáveis descobrem e começam a querer estudar sobre o assunto.
Existe uma gama distinta de distúrbios que podem causar isto. Apresentaremos em detalhes nas seções seguintes.
O que causa a dificuldade de aprendizagem?
Na verdade, não há exatamente apenas uma causa específica que possamos cravar que é o que causa a dificuldade de aprendizagem. Pelo contrário, existem alguns fatores que podem estar envolvidos como raiz do problema.
Por certo, os distúrbios de que temos falado (e que iremos detalhar na próxima seção) causam isto, mas não podemos dizer que são só eles. Eles comprometem o funcionamento de algumas áreas do cérebro.
Além disso, no entanto, podem surgir outras motivações para o problema. Nem mesmo os profissionais da área cravam que somente as causas biológicas (como os distúrbios) são as responsáveis.
Pelo contrário, por vezes não há desordem de motivação fisiológica. O que acontece é que se observa que algumas crianças com alguns tipos de dificuldades têm problemas em casa ou com qualquer um dos seus relacionamentos, mesmo com amiguinhos.
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Pode ser, por exemplo, que algum conflito em casa sirva de gatilho para que ocorra algo do tipo. Até mesmo por isto é arriscado tentar diagnosticar sozinho, sendo o auxílio profissional peça fundamental para a descoberta.
Ainda não há tantos estudos que comprovem isto, porém há outras direções que indicam novas causas para os transtornos que levam ao prejuízo na hora de aprender. Eles são sobre o histórico clínico que contém:
- Histórico familiar de algum distúrbio
- Baixo peso ao nascer
- Nascimento prematuro
- Tabagismo durante a gravidez
- Uso de drogas durante a gravidez
- Atrasos no desenvolvimento psicomotor
Tipos de dificuldade de aprendizagem
Existem alguns tipos mais comuns de transtornos que geram dificuldade de aprendizado, os quais iremos listar abaixo. Selecionamos os seis principais junto com as principais informações de cada.
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Dislexia
Este distúrbio tem origem neurobiológica e a cada ano no Brasil tem cerca de 2 milhões de novos casos, sendo comum. Os dados ainda carecem demais pesquisa a nível global, mas estima-se que até 17% da população mundial possa ter.
Crianças que ficam muito para trás na hora de aprender a ler e a escrever têm chances de serem diagnosticadas com este transtorno. Além disso, existe um prejuízo quando o assunto envolve palavras, seja soletrar ou simplesmente reconhecê-las. Essa doença é conhecida como a dificuldade de leitura.
Os principais sintomas são:
- Dificuldade para escrever
- Dificuldade para ler
- Dificuldade para formar palavras
- Dificuldade para diferenciar maiúsculas de minúsculas (principalmente na escrita)
- Dificuldade na grafia das palavras
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Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
Este outro transtorno neurobiológico também costuma surgir na infância e pode ficar ao longo de toda a vida. Cerca de 3% a 5% tem Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade no Brasil, segundo informa a Associação Brasileira do Déficit de Atenção.
Uma particularidade deste distúrbio é que ele é mais observado em pessoas do sexo masculino do que do sexo feminino. Ainda assim, existe uma taxa em ambos os sexos.
Os principais sintomas são:
- Padrão persistente de desatenção
- Hiperatividade o suficiente para ser prejudicial ao seu desenvolvimento
- Não conseguir prestar atenção nos trabalhos escolares
- Não escutar quando é chamado
- Não conseguir organizar as suas tarefas
- Não gostar de atividades que demandam um esforço mental prolongado
- Distrair-se facilmente
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Disgrafia
Assim como no primeiro caso, aqui também o grande problema é relacionado às palavras. Nesta situação, porém, é sobretudo na fluência escrita. Os erros de ortografia acabam sendo grosseiros, bem como a formação das palavras.
Os principais sintomas são:
- Dificuldade para formar as letras
- Dificuldade para escrever numa dimensão certa (o ideal deve ser nem muito largo, nem muito pequeno e de tamanho uniforme)
- Dificuldade para aprender a escrever
- Dificuldade para dar o espaçamento e o alinhamento correto às letras
- Sobrepor as letras umas às outras
- Dificuldade para entender o uso das letras maiúsculas e das letras minúsculas
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Disortografia
No caso das disortografias, um dado muito interessante aponta que apenas 10% dos afetados tem realmente algum distúrbio neurológico. Isso porque os outros 90% têm apenas um atraso de linguagem como motivo que dá origem.
Aqui também o aprendizado é prejudicado quando se trata do desenvolvimento da linguagem escrita. No entanto, ele tem um caráter um pouco mais amplo que a disgrafia.
Os principais sintomas são:
- Aglutinação das letras
- Dificuldade para separar corretamente as letras
- Dificuldade para notar e compreender os sinais gráficos, como pontos, vírgulas, travessão, etc
- Falta de vontade para escrever
- Escrita de textos muito curtos
- Dificuldade com os grafemas
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Dislalia
Este outro transtorno, por sua vez, afeta a fala. Lembra-se do caricato Cebolinha, personagem da Turma da Mônica? Ele troca sempre a letra “R” pela letra “L” na fora da fala.
A ideia é exatamente esta para quem tem a dislalia. Há uma troca, na hora da fala, de algumas letras por outras similares. Pode ser também que alguns trechos das palavras sejam omitidos, com dificuldade para pronunciá-las corretamente no todo. Psicólogos e fonoaudiólogos são profissionais capacitados neste caso.
Os principais sintomas são:
- Substituição de sons: normalmente troca-se mesmo o “R” pelo “L”, assim como o Cebolinha. Este é o mais comum.
- Omissão de sons: alguns ficam ausentes na fala. Por exemplo, em vez de “aquela aranha”, falar “aela aanha”.
- Acréscimo de sons: colocar alguns sons que não estão presentes na palavra originalmente. Por exemplo, em vez de falar “Atlântico”, falar “Atelântico”
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Discalculia
O último dos transtornos que iremos falar é relacionado à matemática. A discalculia é a dificuldade que alguns têm de lidar com a aritmética e as operações matemáticas. Ou seja, a aprender a lidar com os números e entender as operações envolvendo eles.
Os principais sintomas são:
- Dificuldades com números
- Falta de senso de direção
- Fobia à matemática (casos graves)
- Dificuldade para estimar medidas
- Dificuldade para manter contagem
- Dificuldade para se planejar financeiramente
- Dificuldade para identificar qual entre dois números corresponde ao menor ou ao maior
- Dificuldades entre identificação do lado esquerdo e do lado direito
Como identificar a dificuldade de aprendizagem
Naturalmente, nem toda a dificuldade de aprendizagem configura-se como um distúrbio. A diferença entre esses dois casos acontece sobretudo na diferença da intensidade.
Isto significa que quem possui algum transtorno destes que citamos acima, tem uma dificuldade mais persistente e num nível de maior intensidade. Ainda assim, sempre é bom ficar de olho e, em caso de dúvida, levar a um profissional.
A princípio, temos algumas dicas que vão fazer levar as suas suspeitas a se tornarem mais precisas. Isto porque a fase de identificação de uma dificuldade de aprendizagem tem algumas características bem particulares.
O período em que costuma surgir é durante a fase de escolarização da criança. São nestes momentos que você pode observar se o seu filho tem alguma dificuldade na escrita, na fala ou na matemática.
O que fazer
Seja pela origem cognitiva ou pela psicológica, é certo que os pais podem ajudar a criança a minimizar ou lidar melhor com a dificuldade de aprendizagem. Existem algumas medidas que podemos citar como indicadas.
Estas formas do que fazer com a criança são indicadas por profissionais habituados a lidarem com este tipo de narrativa. Algumas práticas vistas como úteis nos consultórios ajudam a trazer luz aos pais que, perdidos, podem ficar em dúvida sobre o que fazer ou não.
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Procure entender a criança
Isso pode acontecer com qualquer um, tenha isso em mente em primeiro lugar. Além disso, não ocorre por vontade da criança nem nada disso. Como demonstramos, há causas variáveis e nem os profissionais podem apontar para uma razão específica.
Em vez de se afastar de seu filho e fingir que o problema não existe, tenha uma atitude mais responsável. Aproxime-se dele, dos professores e da escola. Converse, busque entender as necessidades dele e o melhor método de aprendizagem. Somente assim será possível melhorar o seu desempenho escolar.
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Não brigue com o seu filho
Esta dica é ligada à anterior. Está bem claro que isto não acontece porque a criança quer, mas sim por alguma outra motivação. Não interessa se há algum culpado nisto ou não, o importante aqui é focar no seu filho e na melhora do aprendizado dele.
Por isso, o fundamental é que você não brigue com ele. Isso vai acabar fazendo com que ele associe o aprendizado com o medo, fique com fobia da escola e tenha uma tendência a fugir destes assuntos.
Ele não tem preguiça ou má vontade, é simplesmente algo que o atinge. Ser compreensivo, demonstrar carinho e ajudar a buscar novos métodos mais eficazes é o que realmente ajuda.
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Demonstre interesse pelos estudos dela
A lógica é mais ou menos próxima à de evitar as brigas. Se brigando associamos o estudo com algo negativo, então quando você demonstra interesse no que seu filho está estudando associa a algo positivo.
Pergunte sobre o assunto, conte alguma coisa que você sabe sobre isso, quem sabe até uma experiência de vida sua relacionada. Pode mostrar filmes, músicas, livros, desenhos, o que quiser.
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Lidando com a escola
Estar em contato com os professores e com a direção da escola pode ser importante para entender o que se passa com o seu filho quando ele está lá. Só assim vocês, em conjunto, irão conseguir alcançar os métodos que melhor funcionarão com a criança. Se não se sentir amparado, troque de escola, com uma nova metodologia.
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Buscando um profissional
É bastante importante que as crianças com dificuldade de aprendizado estejam tendo algum tipo de acompanhamento psicológico. Em alguns casos, como na dislalia, pode ter um fonoaudiólogo também. Estes profissionais são fundamentais no diagnóstico e no tratamento.
Mensagem final
Caso o seu filho esteja demonstrando alguma dificuldade de aprendizagem, não o culpe nem se apavore. Procure um profissional capacitado para fazer o diagnóstico e iniciar a melhor forma de tratamento. Muitas crianças sofrem disso e vivem bem, basta seguir as medidas recomendadas.