Como lidar com o medo infantil – O que eu faço?
O medo infantil pode ser considerado normal até um certo ponto, normalmente relacionado à faixa etária. Passado esse limiar, pode acabar virando uma patologia, o que é visto como algo um pouco mais grave, anormal.
A cada fase da infância, há alguns medos que são vistos como mais comuns e até mesmo esperado. Se o que faz a criança temer está dentro deste previsto, o que normalmente vai se considerar é que é algo mais fácil de lidar, até mesmo pelos pais.
Para entender exatamente o que é o medo infantil, quais são os mais esperados em cada fase da vida da criança e quando não é mais normal, acompanhe o artigo. Abordaremos este assunto detalhadamente para que os pais possam compreender o que está acontecendo com seu filho.
Conteúdo
O que é o medo infantil
Associado ao medo infantil, normalmente vemos também um quadro de ansiedade na criança. Isso porque, de fato, não existe uma ameaça real à segurança ou ao bem-estar de seu filho, mas ainda assim ele apresenta algum tipo de temor que, na cabeça dele, é real.
Nessas situações, acaba acontecendo uma condição de que a criança quer logo fugir da situação que está afligindo ela. Com isso, surge um estado de alerta constante, em que ela pode até mesmo liberar mais adrenalina, com todos os seus efeitos (coração batendo mais rápido, as “borboletas” no estômago e transpiração).
Salientamos, porém, que nem todo medo é necessariamente ruim. Imagina se o seu filho tem um certo medo de mexer com fósforos? Ele ficará em estado de alerta e não irá querer acender, sob o risco de colocar fogo em tudo.
Isso representa que é um estado que, embora tenha um viés ruim (porque, por certo, não queremos ver nossos filhos com temores), não é de todo negativo. Afinal, acaba ensinando que a criança deve ficar mais alerta a certas situações.
É claro que esse temor nem sempre é bem fundado e por vezes pode ser até exagerado, daí a necessidade de entendermos ele e sabermos como lidar. Daí a necessidade de compreendermos, antes de tudo, quais são os sinais dos temores na infância.
Relevante é ressaltarmos também que a cada fase da infância há uma alteração no que constituem os principais temores. Isto é absolutamente normal e, acima de tudo, esperado. O principal que você deverá notar desde já é se o medo do seu filho é o adequado para a idade dele.
Sinais de medo infantil
Agora que já vimos que, em algumas situações, é absolutamente normal a criança sentir algum tipo de medo, vamos aos seus principais sinais. Você só terá certeza se aquele sentimento é um medo ou não a partir da identificação de sinais.
Aliás, provavelmente na prática você já aprendeu a identificar boa parte desses sinais sozinho, uma vez que conhece o seu filho melhor do que ninguém. Ainda assim, vale a pena ficar atento ao que observar:
- Náusea
- Distração ou impulsividade
- Alterações no sono (dormir mais ou menos do que o comum)
- A criança não quer sair de perto dos pais ou responsáveis
- Movimentos nervosos (espasmos, por exemplo)
- Suor nas mãos
- Batimento cardíaco acelerado
- Respiração acelerada
- Dores de estômago
- Dores de cabeça
Como vemos, muitos desses sintomas estão ligados à ansiedade que o medo gera. Quando eles são exagerados, podem ser nocivos para a criança. De toda forma, devem ser combatidos pelos pais, os quais devem auxiliar a criança.
Leia nosso artigo sobre a criança ter medo de dormir sozinha
Causas do medo na infância
Embora isso possa acontecer de modo natural, existem algumas causas vistas como principais para o medo infantil. Vamos listar os cinco modos mais comuns através dos quais isso acontece. Fique atento para evitar com seu filho:
-
Informação ou estímulo
A criança pode aprender que certa coisa representa uma ameaça à ela através de informações negativas sobre alguma situação ou até mesmo por um estímulo em particular. Quanto mais relevante a informação se mostrar para a criança, e quanto mais relevante para ela for quem der a informação ou o estímulo, maior a chance dela acreditar.
-
Histórico familiar
Parece estranho à primeira vista, mas logo se torna bastante lógico quando pensamos melhor. O histórico familiar é sim um bom indício para entender os temores das crianças.
Profissionais observaram que filhos de pais que têm histórico de algum transtorno de ansiedade ou que são mais medrosos, tendem a gerar filhos assim também em relação aos pais que não têm.
-
Experiências traumatizantes
Situações que podem causar impactos físicos ou emocionais na criança também podem traumatizá-la a ponto de ser fonte de temor. Pensemos, por exemplo, em alguma que sofreu de maus tratos (fator físico) ou que vê constantemente os pais brigarem (fator emocional).
-
Aprendendo sozinha
Há também aquela espécie de medos que podem ser adquiridos sozinhos. São situações em que a própria criança se coloca numa situação que acaba gerando desconforto e trauma a ela.
De forma alternativa, pode até mesmo ser algo involuntário. Digamos que o seu filho sofra de alguma doença como a asma, por exemplo. Caso ele tenha uma falta de ar forte e repentina, isto pode trazer algum tipo de temor.
Medos prováveis na infância
Uma das classificações mais úteis para que seja feita uma compreensão mais específica do medo infantil é por meio da faixa etária. Assim podemos entender adequadamente o que as crianças mais comumente sentem em cada fase de suas vidas.
-
De 0 a 1 ano
Enquanto são bebês, começam a surgir as primeiras fontes de temor. Devido à ligação ainda muito forte com os pais, talvez afastar-se deles seja o principal motivo para o medo, embora não seja o único. É o chamado temor da perda de segurança.
Há um certo estranhamento e uma adaptação ainda ao mundo do lado de fora da barriga da mãe. Por exemplo, é aqui que começam a se desenvolver, até mesmo a se movimentar sozinhas. É claro que essas situações podem gerar um certo temor.
- Distanciamento dos pais
- Ruídos muito fortes
- Pessoas estranhas e às quais a criança não está habituada
- Situações estranhas
-
De 1 a 3 anos
Com a criança um pouco mais desenvolvida, ela começa a ter uma independência razoavelmente maior. É natural que, como fruto disso, tenha que começar a lidar com novas situações que não entendem ainda e podem gerar temor.
- Medo do escuro
- Medo de dormir sozinho
- Medo de altura
- Medo de tempestades
- Medo de criaturas fantásticas (monstros, lobo mau, fantasmas, etc)
- Medos de animais noturnos
- Medo de se machucar
- Medo de ruídos fortes
-
De 4 a 7 anos
Nessa fase, a criança já estará indo à escola, terá mais contato com outras crianças e pessoas de um modo geral e um pouco menos com os pais. É sobretudo a isso que estão ligado os temores.
- Medo de ser esquecido na escola
- Medo de separação dos pais
- Medo de se perder dos pais
- Medo de criaturas fantásticas (monstros, lobo mau, fantasmas, etc)
- Medo de ruídos fortes
- Medo de dormir sozinho
- Medo da morte
-
De 8 anos para cima
Nessa fase que surge a partir dos 8 anos, vemos já a evolução da criança. Aqui, há um certo temor com relação à vida social e, claro, ainda sobre a sua segurança e a daqueles que ama, como os pais.
- Medo da morte
- Medo de perder os pais
- Medo de rejeição social
Salientamos ainda que há causas de medo que não estão ligadas à idade, mas a fatores específicos, como dissemos no item anterior. Pense, por exemplo, numa criança que foi atacada por um animal. É normal que tenha medo de animais e não se relaciona a sensações fantasiosas.
Curta nossa página no Facebook
Nos siga no Instagram
Como lidar com o medo infantil
Como o medo infantil é dividido em faixas etárias, a forma de lidar com ele tem a mesma característica. Os pais e os educadores, principalmente, podem seguir certas recomendações dadas por psicólogos.
-
De 0 a 1 ano
Tentar compreender o que o bebê está sentindo é a primeira fase de tudo. Para dar a ele maior sensação de segurança, pode ficar com ele até fazê-lo dormir e até mesmo dar um companheiro para lidar com o medo (um bichinho de pelúcia, por exemplo)
-
De 1 a 3 anos
Cada medo tem uma forma específica de lidar, normalmente. Ainda assim, podemos falar de forma geral sobre alguns deles. A conversa e a explicação sobre como funcionam as coisas e que não há o que temer é uma dessas ações básicas.
Por exemplo, não ameace a criança jamais dizendo que o monstro vai pegá-la se não obedecer ao seu comando. Ela deve entender que monstros não existem.
Adicionalmente, pode criar um ritual antes de dormir para os medos de escuro e de ficar sozinho. O bichinho de pelúcia também é bom, assim como a introdução de alguma luminária para amenizar o escuro.
-
De 4 a 7 anos
Sempre mantenha o seu filho informado sobre o horário que você irá buscá-lo. Se quando acabar a aula você não puder estar lá por algum imprevisto, ligue para a escola e peça para que avisem ele.
-
De 8 anos para cima
Nesse caso, há um agravante quando já perdeu alguém. O mais importante é apoiar a criança e ser compreensível. Este medo infantil é comum e você deve evitar que seu filho se sinta incompreendido e sozinho.
Diferenciando o medo infantil da fobia
Em muitos casos, apenas o relacionamento com os pais e as medidas que citamos acima podem ajudar a resolver o problema sem maiores preocupações. Ainda assim, no entanto, há os casos mais graves, que acabam se tornando patológicos.
Observamos que há uma fobia nesses casos mais extremos. O medo infantil exagerado que não você não consegue resolver ou diminuir de jeito nenhum pode estar enquadrado dentro desta categoria.
Uma boa forma de ver se isto está acontecendo é observar se o medo do seu filho está adequado à faixa etária a qual ele se encontra. Esta é a pergunta mais básica que você deve se fazer e responder.
O medo infantil considerado normal acaba sumindo com o tempo de modo natural. Já as fobias podem permanecer até mesmo na fase adulta, gerando desequilíbrios e problemas no bem-estar da pessoa de modo mais intenso.
Por conseguinte, o que os psicólogos costumam dizer é que um medo é mais fácil de passar do que uma fobia. Ainda que existam ex-fóbicos e este quadro mais grave seja possível de ser resolvido, é mais difícil e costuma exigir mais esforço de todos os envolvidos.
RECEBA NOSSAS NOVIDADES NO SEU E-MAIL
Os tipos de fobias são variados e normalmente estão ligados a fatores da vida da criança, que ela passou ou que aprendeu. Veja alguns exemplos frequentes:
- Claustrofobia (medo de lugares fechados)
- Agorafobia (medo de lugares muito abertos)
- Hematofobia (medo de ver sangue)
- Hidrofobia (medo de água)
- Demofobia (medo de locais com muitas pessoas)
- Zoofobia (medo de animais)
Quando é necessário um acompanhamento com profissional?
Em certos casos, pode ser necessária a intervenção de um profissional, notadamente um psicólogo. Via de regra isto acontece nos casos de fobias, mas você pode igualmente recorrer a este meio mesmo que seja apenas um medo.
A variável fundamental que os pais devem entender antes de procurar um psicólogo é se estão conseguindo lidar adequadamente com o medo da criança. Caso estejam observando que o medo é persistente e que não diminui, já é um indicativo de levar ao psicólogo infantil.
Adicionalmente, se este medo infantil não for condizente com os que apresentamos como mais comuns em cada faixa etária, é também recomendável procurar este profissional. Ele servirá como um importante componente no tratamento e saberá até mesmo indicá-lo sobre as melhores práticas.
Mensagem final
Quem tem filhos sabe como é ruim ver eles temendo por algo. No entanto, o medo infantil é normal e existem até padrões esperados em cada fase da infância. Caso o quadro da criança que você tem em casa esteja fora do esperado, procure um psicólogo infantil.
Referências
http://revistadonna.clicrbs.com.br/coluna/vanessa-martini-medos-criancas/
https://delas.ig.com.br/filhos/medos-infantis-como-lidar/n1237561052698.html
http://desenvolvimento-infantil.blog.br/o-medo-em-cada-fase-da-infancia/
https://www.todopapas.com.pt/criancas/saude-infantil/cortes-arranhoes-e-feridas-nas-criancas-2147
http://psicoterapiacomportamentalinfantil.blogspot.com/2012/04/medos-ansiedades-e-fobias.html
http://www.rosangelapsicologa.com/site_pagina.php?pg=textos&texto=48
1 Comments