Como saber se o meu filho está com catapora
Uma das doenças mais comuns na infância é a catapora. Se você tem filhos ou se convive com crianças, tenho certeza de que esse já foi um dos temas de conversa com outros pais ou com familiares.
Para sanar todas as dúvidas que concernem a esta doença, hoje vamos abordar detalhadamente tudo sobre a catapora. O nosso objetivo aqui é trazer o consultório médico para uma linguagem popular. O que é a catapora em termos clínicos? Como podemos fazer os pais entenderem melhor o que ela significa? É isso que tentaremos fazer aqui.
Conteúdo
O que é a catapora na infância?
A catapora, como já dissemos, é uma doença muito comum, especialmente na infância. Ela tem como característica ser muito contagiosa, em função da sua forma de transmissão (pelo ar).
Quanto mais velha for a pessoa afetada, maiores são as chances de existir complicações. Ainda assim, por certo não é desejável que a criança tenha catapora e expô-la ao vírus não é nunca uma ideia inteligente.
Aquelas pintinhas que vem em forma de manchas, acompanhadas pela coceira nem sempre aparecem logo no começo, como vamos demonstrar mais à frente. Isso é, na verdade, um grande problema, porque acaba fazendo com que a pessoa transmita sem sequer saber que tem a doença.
Causas
A catapora é causada por um vírus chamado Varicela Zoster, um RNA-vírus da família Herpetoviridae. Este vírus pode se expressar de duas formas:
- Como a catapora em si, que seria ocasionada após a primeira infecção com o vírus da varicela.
- Como herpes zoster, que seria a reativação deste vírus anteriormente latente no organismo.
A doença é transmitida principalmente a partir do contato direto com as lesões, de pessoa para pessoa, podendo também em alguns casos ser transmitido pela disseminação aérea de secreções respiratórias. A transmissão ocorre já três dias antes do surgimento de lesões cutâneas da catapora, e tem um pico desde o surgimento do exantema (erupção na pele) até um a dois dias após.
O vírus entrando em contato com o organismo do paciente pela primeira vez, se replica e invade os linfonodos (conhecidos popularmente como ínguas). Neste momento, a viremia ainda é baixa e a replicação não é tão intensa.
Alguns dias após este período, a divisão viral se torna grande e acaba por resultar na disseminação cutânea e aparecimento das lesões na pele, deflagrando a catapora. A cicatrização das vesículas e pústulas ocorre pelo sistema de defesa do paciente, que cria imunidade contra o vírus.
O sistema imunológico consegue retirar o vírus da pele, do sangue, e evitar sua replicação, porém não consegue eliminá-los por completo do organismo. Uma pequena parcela dos vírus ainda fica armazenada, contida, assintomática, de forma latente em gânglios do sistema nervoso, nos chamados “gânglios das raízes dorsais”.
Situações que levem este paciente a ter uma queda do sistema imunológico, podem fazer estes vírus contidos voltarem a se replicar, agora principalmente através do sistema nervoso por via de nervos sensoriais, também ocasionando novas lesões de pele bastante dolorosas. Essa reativação viral é conhecida como a herpes zoster que falamos antes.
Pessoas que apresentam imunidade mais baixa, tais como crianças e idosos em extremos de idade, podem levar o paciente a apresentar quadros de catapora mais graves e também de reativação do zoster mais intensa e com maior frequência. Alguns desses exemplos são quem tem:
- Déficits congênitos de imunidade
- Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)
- Uso de quimioterapia para tratamento de doença maligna
- Submissão a transplante de órgãos
Sinais e sintomas
O paciente com catapora pode apresentar sintomas introdutórios em torno de dois a três dias antes do surgimento de lesões cutâneas (em especial nos adolescentes e adultos). Este período seria caracterizado por condições sistêmicas como:
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Febre
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Prostração
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Perda do apetite
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Mal-estar geral
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Cansaço
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Dor de cabeça
A doença se torna característica após o surgimento do exantema na pele extremamente característico. O aspecto é de lesões maculopapulares avermelhadas, que após algumas horas progridem para vesículas e rapidamente se tornam pústulas (vesículas cheias de pus).
Estas pústulas evoluem para crostas em torno de três a quatro dias. Essa diversidade de formas das lesões é o que mais caracteriza a catapora, o denominado “polimorfismo lesional”. A desidratação das lesões com o passar do tempo leva a uma umbilificação central. Outra característica típica da catapora é que são lesões que geram bastante coceira, deixando a criança muito incomodada.
A distribuição do exantema é considerada centrípeto (tendem a se aproximar de um centro), e iniciam na face e no couro cabeludo, evoluindo rapidamente para o tronco. Os membros superiores e inferiores são menos acometidos.
É comum que novas lesões surjam em surtos em uma determinada localidade da pele e no total da doença costumam apresentar em torno de três a cinco surtos. As lesões podem se intensificar nas regiões de dobras de pele ou regiões anteriormente lesadas.
O total de lesões pode ser de duas a três nos casos mais leves até duzentos e cinquenta a quinhentas em média. Após a cicatrização, pode ter uma escara residual persistente, porém é incomum de ocorrer.
O quadro em crianças costuma ser benigno e autolimitado e em adolescentes e adultos tende a ser mais exuberante. Pessoas imunocomprometidas podem evoluir com formas graves, chamada “varicela progressiva”, apresentando elevada letalidade.
O quadro comumente é de febre persistente com aparecimento de surtos de novas lesões por até três semanas do surgimento das primeiras, e é frequente a evolução das vesículas para erupções hemorrágicas. O que mais leva a morte nesses pacientes é a associação com pneumonia, uma complicação bastante importante da catapora.
Diagnóstico
Bom, até agora vimos então que existe todo um linguajar médico difícil de compreender, o qual temos tentado explicar. Basicamente, os sintomas chave são a coceira, os exantemas (as erupções na pele) e outros que citamos acima.
Caso a criança tenha esses sinais e sintomas, bem como os outros que temos falado, é um grande indicativo da possibilidade de estar afetado com catapora. Por isso, procurar um médico pediatra é a atitude mais coerente, antes que acabe piorando a doença e infectando outras pessoas.
Durante a consulta, você deve levar informações que podem ser de extrema importância para o médico. Sempre ficamos preocupados antes de uma consulta, o que é normal, afinal se estivesse tudo bem não estaríamos levando o nosso filho, não é mesmo?
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Mas é justamente em função dessa importância que você deve ter ciência que quanto mais informações úteis o médico tiver, mais certeiro será o diagnóstico. Até porque a catapora é diagnosticada clinicamente – ou seja, só com o exame físico que o pediatra faz ali na hora.
Por isso é bem importante que não só o médico esteja com o “olhar apurado”, como que também esteja munido das informações mais certeiras o possível.
- Por que você acha que a criança tem a doença?
- Quais são os sinais e sintomas que ela tem apresentado?
- Algum amiguinho ou amiguinha está com catapora?
- Seu filho tem alguma outra doença conhecida?
- Ele faz uso de algum medicamento?
- Quem na família já tomou a vacina contra a catapora?
Essas são apenas algumas das questões que o médico provavelmente fará. Portanto, já vá pensando em como respondê-las. Além disso, é claro, leve anotadas todas as perguntas que você deseja fazer.
Provavelmente o diagnóstico já será feito somente em função do que você relatar e das erupções que aparecerem na pele (os exantemas). Adicionalmente, se houver alguma dúvida, um exame de sangue pode ser solicitado.
Tratamento
E se dissermos que o melhor tratamento é deixar o corpo agir? Pois é! Muitas vezes é esse o caminho que o pediatra vai escolher seguir, por isso não se assuste.
É claro que você deve levar o seu filho ao médico e não decidir por isso sozinho, afinal há níveis diferentes da doença e nem todas funcionam somente assim. É comum, porém, que seja recomendado apenas um repouso, longe dos amiguinhos para não contagiar os outros.
Alguns medicamentos chamados antivirais podem ser utilizados, sobretudo para fazer com que os sintomas tão incômodos diminuam. Além disso, outros medicamentos para a coceira, para a dor e para os demais sintomas que estão incomodando o paciente podem ser solicitados.
É importante ser bem claro com o médico e informar o que mais está incomodando a criança, assim ele vai saber avaliar se é necessário ou não o uso de medicamentos adicionais. Isso porque se o médico achar necessário, ele vai receitar algum medicamento, como o aciclovir.
É muito importante, no entanto, que você não comece a fazer uso do remédio sem ir ao médico! Isso pode ser extremamente prejudicial para o seu filho se for feito do jeito errado. A catapora não precisa ser um bicho de sete cabeças se tratada corretamente.
Como já demos algumas pistas anteriormente, aliás, a catapora costuma desaparecer sem maiores problemas. Contudo, é importante ficar de olhos abertos para as possíveis complicações as quais já falamos antes. Nem sempre há uma cura e a famosa herpes-zoster que já expomos pode acabar aparecendo com o tempo.
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Tratamento natural
Como vimos, o principal tratamento contra a catapora é relaxar a criança e ajudar o corpo dela a combater o vírus sozinho. Mais do que isso normalmente não é necessário.
Você pode, porém, ajudar através de alguns tratamentos naturais. Eles não vão fazer todo o trabalho, é claro, mas podem ajudar a diminuir os sintomas e há quem diga que faz a catapora sumir mais rápido sem maiores complicações. Não há comprovação científica delas e é bom perguntar para o médico se pode fazê-los.
- Tomar banho com chá de arnica: ajuda contra a coceira e ajuda a cicatrizar.
- Beber suco de limão com laranja: fortalece o sistema imunológico.
- Pomada caseira de arnica: assim como o banho, combate a coceira e faz cicatrizar, devido às funções anti-inflamatórias da substância.
Ressaltamos que é sempre preciso conversar antes com o pediatra para saber a opinião dele sobre esses tratamentos naturais. Nem todos apoiam. Ou até mesmo, quem sabe, ele pode indicar algum adicional que vai ajudar mais ainda.
Como prevenir
Como você já deve estar bem ciente, infelizmente esta doença é transmitida com uma facilidade incrível. Isso porque ela passa por meio do ar e quem está afetado nem precisa já ter começado a apresentar os principais sintomas (como as erupções na pele) para estar transmitindo.
Ainda assim, existem formas eficazes de combatê-la. Você deve ficar atento sobretudo ao calendário de vacinação:
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Vacina contra a varicela
Ela é bem conhecida como a “vacina contra a catapora”. Quando a criança completa doze meses de idade, deve ser levada para tomar a primeira dose. A segunda virá no período entre os 15 e os 24 meses.
Já em pessoas mais velhas, acima dos 13 anos, e que não receberam a vacina nem foram infectadas pela doença, um outro cuidado é necessário. Consulte um médico para maiores informações, mas via de regra é feita uma dose normal e outra depois de 1 a 2 meses.
Tomar a vacina não significa que você ou que o seu filho não terão a doença. Podem, de fato, ter. Acontece que mesmo que se forem infectados, ela tende a ser bem mais fraca do que se não tivessem tomado a vacina. Então, não diga que a vacina é desnecessária. Ela é necessária sim. Como medida preventiva para não pegar ou para não ser grave.
Mensagem final
Apresentamos hoje o que os médicos dizem e tem como conduta a respeito da catapora na infância. Esse é um problema de saúde muito comum, que eles já estão acostumados a tratar no dia a dia. Por isso, se o seu filho pegou, leve a um médico e confie no diagnóstico.
Siga o tratamento e as medidas preventivas corretamente e não deverá ter maiores complicações. Em todo caso, se achar que algo estranho está acontecendo, sempre converse com o médico da criança. Ele é o seu maior parceiro nas questões de saúde.
Referências
http://intranet.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=24&id_detalhe=943&tipo_detalhe=s
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/varicela-herpes-zoster
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dermatologia_atencao_basica_p2.pdf
https://central3.to.gov.br/arquivo/249371/