Depressão pós-parto: principais sintomas, causas e tratamentos
O nascimento de um filho é algo que transforma a relação familiar, sendo isso algo natural e esperado.
Porém, muitas vezes essa mudança apresenta aspectos diferentes dos quais são geralmente esperados, trazendo dificuldades para a família.
Uma das situações que pode resultar em uma situação complexa é a se ver diante de um quadro de depressão pós-parto.
Embora seja algo muito pouco discutido, é um tema de extrema importância a ser conhecido.
No Brasil, por exemplo, temos a estatística de para quatro mulheres que dão a luz, pelo menos uma apresenta sintomas de depressão pós-parto.
Tomar conhecimento do que envolve essa situação é algo importante, pois auxilia a realizar diagnóstico rapidamente, além de prover maior entendimento e aceitação da mãe que apresenta os sintomas.
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Conteúdo
O que é a depressão pós-parto?
A depressão pós-parto é algo grave que pode acometer mulheres logo após o nascimento dos filhos, fazendo-as sentir com intenso sentimento de melancolia.
Geralmente, após o parto a mulher vivencia um estado de tristeza ou apatia, os quais são normais, pois decorrem de deficiência hormonal deste período.
Porém, quando esse estado prossegue por mais do que um mês, deve-se ficar alerta quanto a possibilidade de um quadro de depressão pós-parto.
A tristeza aqui será diferente do usual, apresentando-se em um grau elevado, o qual atrapalha o interesse da mulher por suas atividades.
Nada mais do que é realizado parece fazer sentido ou ser agradável, tarefas cotidianas e mesmo as que traziam prazer passam a ser vistas como cansativas.
Muitas mães que apresentam os sintomas descrevem sentimentos de recusa em relação ao recém-nascido, ao mesmo tempo em que o percebem como alguém que deveriam amar.
A recusa aqui existe em razão de um sentimento de não pertencimento, como se o bebê não fosse seu filho e, portanto, não devesse estar ali.
Esses sentimentos são apenas o começo de algo que pode tornar-se ainda mais complexo e difícil de ser vivenciado pela mulher.
Quem passa por essa situação descreve o quão é difícil perceber-se tendo esta reação frente ao bebê, o que se torna ainda mais complicado devido ao julgamento de terceiros.
Pode ser difícil para as outras pessoas entenderem a situação e, por isso, comentários negativos podem acabar acontecendo, entristecendo as mães ainda mais.
Com isso, a culpa sentida pela mulher em relação aos próprios sentimentos atrela-se ao julgamento que a sociedade coloca sob sua situação.
Quando não se nota o que está havendo os sintomas envolvidos vão se tornando ainda mais fortes, prejudicando a relação da mulher consigo mesma, o filho e familiares, e tornando o tratamento mais complexo.
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Principais sintomas.
O principal sintoma da depressão pós-parto é sem dúvida a tristeza intensa que a mulher sente.
Atualmente, sabemos que grande parte das mulheres vivencia algum estado de tristeza pós-parto, o que é diferente da depressão.
Os sintomas devem persistir por mais de quinze dias, podendo não surgir de imediato.
Comumente, observam-se os seguintes sintomas:
- Dificuldade em se dispor a realizar atividades diárias;
- Pouca interação com o bebê;
- Descontrole emocional – choro frequente, irritabilidade;
- Desinteresse sexual;
- Transtornos do sono e alimentares;
- Sentimento de incapacidade.
Sintomas como dificuldade para se concentrar, ansiedade e sono excessivo, além de outros, também podem aparecer, embora sejam menos comuns.
Todos esses sintomas podem, em um grau muito menor, acometer a mulher após o nascimento do filho, mas em razão dos níveis hormonais.
Uma vez que o organismo começa a tornar a seu equilíbrio, o que leva cerca de 10 dias, os sintomas vão desaparecendo.
No caso de quem sofre de depressão pós-parto os sintomas não desaparecem, pelo contrário, tendem a tornar-se cada vez mais graves.
Não confunda depressão pós-parto com tristeza pós-parto ou baby blues.
A persistência e intensidade dos sintomas apresentados em um quadro de depressão pós-parto é o principal fator diferencial entre este quadro e a tristeza normal.
É indispensável que o quadro depressivo não seja confundido com outro tipo de situação, evitando que possa tornar-se mais complexo.
A tristeza sentida por muitas mulheres após o nascimento dos filhos é denominada como tristeza pós-parto ou baby blues, o que embora possua sintomas similares a depressão pós-parto, são quadros distintos.
O baby blues é basicamente algo que ocorre em razão de aspectos fisiológicos, ou seja, do próprio organismo da mulher.
Sua presença não é nada mais do que o corpo buscando se readaptar ao pós-parto, retomando os níveis hormonais.
Assim, embora não seja algo agradável de se vivenciar, não irá se prolongar e, tampouco, causa na mãe o mesmo desgaste emocional que um quadro depressivo.
Diferente do baby blues, a depressão pós-parto pode ser resultado de muitos outros fatores que vão além de aspectos do organismo.
Cada um dos elementos envolvidos colabora para o desencadeamento do quadro, o qual piora constantemente quando não diagnosticado adequadamente.
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Quais são as causas e os fatores de risco?
Enquanto o baby blues tem sua causa ligada particularmente aos fatores biológicos, a depressão pós-parto pode apresentar uma série de aspectos relacionados.
As causas podem ter relação com questões emocionais, assim como físicas ou de seu cotidiano.
Dentre as causas físicas encontramos principalmente aspectos relativos a regulação hormonal.
As principais alterações que ocorrem e estão relacionados ao quadro envolvem:
- Queda de estrogênio;
- Queda de progesterona;
- Alterações na tireoide;
- Mudanças no sistema imunológico.
Essas e outras divergências podem acometer a mulher, causando um desiquilíbrio no organismo e facilitando o início de um quadro depressivo.
Quando se discute quanto as causas emocionais citam-se motivos que muitas vezes estão relacionados com a própria situação do tornar-se mãe, mas que podem ser difíceis de serem trabalhados de modo saudável.
Destacam-se causas como:
- Privação de sono;
- Estresse;
- Baixa na autoestima.
Cada um desses itens podem se tornar prejudiciais para a o reestabelecimento da saúde da mulher, influenciando sua saúde como um todo e, possivelmente, acarretando no desenvolvimento da depressão pós-parto.
As causas relacionadas ao cotidiano da mulher, por sua vez, acabam por se desdobrarem também como aspectos emocionais e físicos.
Isso porque se baseiam em situações, fatores do ambiente e tudo o mais que a mulher pouco controle possui sobre, e que acabam a afetando.
Neste sentido, observam-se motivações como:
- Dificuldade em amamentar;
- Problemas financeiros;
- Ciúmes dos outros filhos;
- Falta de apoio do conjugue e/ou outras pessoas.
Como observa-se, a depressão pós-parto é resultado de uma série de uma elementos que influenciam a saúde da mulher.
Além destes, é importante ainda destacar que existem fatores de risco, os quais podem facilitar o desenvolvimento do quadro.
Nesse sentido, atente-se ao histórico da mulher e se este compreende os seguintes aspectos:
- Violência doméstica;
- Falta de apoio do cônjuge, família e amigos;
- Alto nível de estresse relacionado a problemas de outras áreas da vida;
- Limitações físicas (antes ou depois do parto);
- Depressão antes ou durante a gravidez;
- Familiares com histórico de depressão ou transtorno bipolar;
- Transtorno bipolar;
- Desordem disfórica pré-menstrual, entre outros.
Compreender um pouco a respeito da depressão pós-parto é entender que ela não ocorre por um único motivo ou porque a mãe não ame seu bebê.
Este quadro é resultado de uma série de fatores que acabam interagindo e resultando no acometimento da mulher.
Assim, deve-se buscar compreende-lo em sua totalidade, visando proporcionar a mulher o diagnóstico precoce e o melhor tratamento possível.
Como ocorre o tratamento.
Quando pelo menos dois dos sintomas se mostram presentes por mais de duas semanas é muito importante buscar auxílio médico.
Ainda que os sintomas possam parecer bem distintos, somente um diagnóstico médico pode avaliar o caso e definir qual a melhor abordagem de tratamento.
Assim, mesmo que a mulher apresente só tristeza e indisposição, por exemplo, que geralmente são considerados normais, é importante pedir ajuda.
Indo ao médico tão logo perceba que os sintomas não estão desaparecendo torna-se mais fácil aplicar um plano eficiente para trabalha-los em prol da saúde.
Não deixe de buscar auxílio, tampouco de dividir o que vem sentindo com alguém de sua confiança, pelo medo de julgamento, por culpa ou quaisquer outros sentimentos receosos.
O diagnóstico precoce é essencial.
Uma vez em consulta com um profissional, o qual geralmente ocorre com um médico psiquiatra, psicólogo, endocrinologista ou ginecologista, ele irá avaliar seu caso em particular.
Cada pessoa é única e, portanto, é preciso compreender a realidade de cada paciente.
São feitas perguntas que abordam aspectos como:
- Quais sintomas estão presentes;
- O tempo de permanência dos sintomas;
- Histórico médico, avaliando a saúde e fatores de risco;
- Uso de medicamentos ou suplementos.
Assim, tendo isso como base, o médico irá avaliar o seu caso e, confirmado o quadro depressivo, as medidas cabíveis serão tomadas.
Entre as principais abordagens estão a medicamentosa e o processo psicoterápico.
A linha medicamentosa se pauta principalmente no uso de fármacos antidepressivos.
Geralmente mostra resultados rápidos, em até três semanas, e ocorre aliada a terapia, assim como o acompanhamento do médico psiquiatra.
O processo psicoterápico é indicado tanto nos casos onde há o diagnóstico do quadro quanto durante o período de gravidez, atuando enquanto modo de prevenção.
Preferencialmente ocorre com a mulher e também o pai ou outro cuidador do bebê, criando ações facilitadoras para lidar com os aspectos emocionais existentes na situação.
Além destas, alguns profissionais defendem também o uso da terapia hormonal, o que auxiliaria no equilíbrio do organismo.
Entretanto, essa é uma abordagem que ainda não foi comprovada e, portanto, é muito importante refletir seriamente antes de optar por seu uso.
O pós-parto é um cuidado com toda família.
Embora a depressão pós-parto seja uma situação que acomete mais as mulheres é importante compreender que os homens também podem sofrer com isso.
Isso é algo que pouca gente sabe e que, por vezes, não é discutido em razão de fatores socialmente construídos em relação ao nascimento de filhos e seu desenvolvimento.
Na maioria das vezes, observa-se que este quadro é exclusivamente relacionado as mulheres, em razão dos sintomas atrelados as questões hormonais, pertinentes da gravidez.
Porém, mesmo que os homens não tenham os hormônios como uma questão hormonal que implique em sua saúde neste caso, os outros fatores estão presentes.
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Assim, elementos relacionados a sua saúde emocional e seu cotidiano podem influenciar para que desenvolva um quadro.
A maioria dos homens que apresenta depressão pós-parto descreve sintomas como tristeza intensa e ansiedade, relativos ao cotidiano e expectativas para o futuro da família.
Em razão do público masculino ser comumente tido como o núcleo provedor das famílias, o homem pode sofrer grande estresse buscando proporcionar o necessário.
A ansiedade se mostra presente diante a dificuldade em lidar com as novas responsabilidades, as quais envolvem não somente suprir necessidades do bebê, mas auxiliar a parceira neste período.
Certamente são sintomas que também podem ser descritos nas mulheres, a depender do funcionamento da família.
Entretanto, são observados em grande parte nos homens, destacando a importância de que se volte o olhar também para eles.
Ter ciência de que a depressão pós-parto é algo que pode acometer mais do que a mãe apresenta uma nova compreensão da dimensão desse transtorno.
Em razão disso, percebe-se, portanto, o quão é indispensável buscar tomar conhecimento das causas e meios de prevenção.
Uma família que busca conhecimento frente aos aspectos de risco relacionados a cada membro pertencente possui mais chance de estar preparado para enfrentar o quadro.
É importante compreender que a depressão pós-parto é algo real e que acomete pessoas o tempo todo, não sendo culpa de ninguém.
O quadro é resultado de uma série de elementos, os quais podem ser trabalhados, visando a prevenção das pessoas envolvidas.
Não existem motivos para culpar ou fazer julgamentos do sujeito acometido, porém existem inúmeras razões para apoia-lo.
Permitir que a pessoa tente enfrentar a situação sozinha pode facilitar para o agravamento dos sintomas, o que irá ter resultados negativos em toda família.
Zelar pela saúde familiar deve envolver mais do que um membro, requer um olhar grupal.
Envolve estar consciente das forças e fraquezas de cada membro individualmente e de todos enquanto família.
Mais do que lutar para vencer um quadro de depressão pós-parto já estabelecido, é preciso comunicação eficaz para prevenir sua ocorrência.
Referências:
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/depressao-pos-parto
https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Pos-parto/noticia/2018/07/depressao-pos-parto-o-que-e-quais-sao-os-sintomas-e-como-tratar.html