O que são doenças psicossomáticas na infância?
Você sabe o que são doenças psicossomáticas na infância? Sabe como elas podem afetar na infância e adolescência?
Embora muitas vezes fiquemos focados apenas na parte física dos nossos filhos, existe outra forma pela qual podem desenvolver doenças e sintomas. É através de problemas emocionais e psicológicos, que são capazes de gerar sinais físicos.
Por isso que cuidar da saúde das crianças e adolescentes requer uma abordagem multisetorial e nem sempre é fácil. Não só um médico pediatra pode ajudar a prevenir doenças ou tratá-las. Nesse caso, veremos também a importância psicológica ao tratar de doenças na infância.
Conteúdo
O que é doenças psicossomáticas na infância
Doenças psicossomáticas na infância são definidas como moléstias em que os sintomas físicos são oriundos por elementos de ordem psicológica. Em outras palavras, é a cabeça que influencia o resto do corpo. A criança não fica doente porque teve uma batida ou foi exposta a algum agente infeccioso, mas sim por algo interno dela, presente na sua psíque.
Essa expressão “psicossomática” foi usada pela primeira vez no ano de 1818. O responsável pela criação do termo foi o médico Johann Christian August Heinroth, de origem alemã. Ele acreditava que a alma e o corpo interagiam de diferentes formas, sendo que a primeira poderia ser originária de muitas doenças.
Hoje em dia, o estudo dessa área evoluiu bastante. Historicamente, contudo, podemos dividir a psicossomática em três grandes períodos:
- Primeira fase: chamada de inicial ou ainda psicanalítica, por ser influenciado por essas teorias. Algumas das grandes áreas de estudo eram sobre o inconsciente da doença, ganhos secundários da doença e teorias da regressão.
- Segunda fase: como grande marco teórico dominante as teorias comportamentais. Muitas pesquisas foram feitas, em especial relacionado ao estudo sobre estresse.
- Terceira fase: esse é o momento atual, que tem como característica envolver várias disciplinas da área da saúde.
No entanto, alguns pesquisadores advertem sobre a diferença entre os estudos da psicossomática em adultos e em crianças. Eles dizem que há de ter cuidado ao fazer generalizações para crianças baseadas apenas em como os estudos são respondidos com adultos – ou seja, que se o estudo quiser falar de crianças, não se pode partir apenas do comportamento adulto como base.
Outra questão é a de que não se pode deixar a psicossomática tão ampla que dentro dela caiba tudo. Não devem justificar qualquer distúrbio como sendo este o problema. Isso seria um grande erro.
Aqui temos de fazer uma observação e diferenciar as doenças psicossomáticas na infância de alguns fatores com os quais por vezes elas são confundidas. Elas não são reações psicológicas secundárias: isso quer dizer que se o seu filho tem alguma doença como hemofilia, algum problema cardíaco, renal, enfim, alguma condição física que causa um problema psicológico, não é isso que é a psicossomática. Ela origina doenças, não é originada por elas. Nesse caso, seria transtorno somato psíquico: ou seja, a doença física que causa a emocional, não o oposto.
Especialistas advertem que a existência da doença psicossomática em nível grave na chamada primeira infância (0 a 6 anos) pode facilitar outras doenças de cunho psicológico ou psiquiátrico no futuro. São exemplos a psicopatia e a psicose.
Causas
Como vimos, as doenças psicossomáticas na infância e adolescência são problemas de origem emocional que podem causar danos físicos. Todos os órgãos, aparelhos e sistemas do nosso corpo podem ser vulneráveis a emoções e pensamentos.
Dito isso, entendemos que em qualquer lugar do corpo podem ser gerados problemas desta natureza. Mas qual a causa deles? Ou melhor, o que causa esse problema psicológico que, por sua vez, leva ao desenvolvimento de um sintoma físico na criança?
- Medo: se há algo que está causando medo na criança, deixando ela nervosa, isso pode ter reflexo no corpo.
- Tristeza: esse é outro causador muito comum
- Felicidade: por mais curioso que possa parecer, alguns autores colocam a existência de um evento feliz como uma possível motivação para doenças psicossomáticas na infância.
Como observamos desses exemplos de causadores, são todos emoções, como era de se imaginar pelo que vínhamos dizendo. É importante termos em conta que se os causadores são passageiros, normalmente os sintomas físicos também vão ser assim. Isso quer dizer que se o seu filho, por exemplo, está com uma tristeza momentânea, então o problema físico, onde quer que ele tenha desenvolvido, tende a ser igualmente transitório. Lógico, se não passar, procure ajuda especializada de uma equipe multisetorial, que envolva médicos e psicólogos.
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Outra classificação feita por especialistas é em níveis diferentes da enfermidade. Eles são mais ou menos agressivos. Esses níveis podem dar pistas sobre algumas das causas:
- Nível do órgão afetado: as causas são genéticas, de imaturidade neurológica ou aprendizagem.
- Nível dos centros autonômicos: podem acontecer por questões bioquímicas do corpo, como relacionados a hormônios.
- Nível da função emocional integrada: quando a criança é muito passiva e insegura, quando se irrita facilmente ou tem problemas emocionais do tipo.
- Nível das relações ambientais: desencadeada quando há algo no ambiente que mude bastante. Por exemplo, em mudança de colégio ou de amigos.
- Nível das atitudes desfavoráveis dos pais: como o nome sugere, este último nível tem a ver com a relação com os pais, que pode acabar gerando a doença. A ruptura emocional é um desses motivos.
Essas causas, é verdade, podem ser bastante amplas e às vezes até difíceis de serem observadas dependendo da personalidade do jovem acometido. O que isso vai gerar, no entanto, são sintomas físicos, os quais veremos abaixo. É importante que você fique atento às possíveis causas da doença, pois se há um distúrbio emocional, fica mais fácil do diagnóstico ser feito.
Sinais e sintomas
O que temos visto de mais básico sobre a doença psicossomática até aqui é que são problemas psicológicos e emocionais que causam sintomas físicos nas mais variadas partes do corpo, correto? Se você já pegou essa ideia, já é o essencial.
Agora vamos tentar mostrar de que forma aparecem esses sintomas. Embora eles sejam amplos, não quer dizer que não possam ser descritos ou que não possamos dar algum exemplo.
- Transtornos psicossomáticos e somatoformes: aparecem sem ter uma explicação física para isso. Significa que os profissionais irão suspeitar de cara de que é a mente influenciando o corpo.
- Transtorno psicossomático: esta é uma outra situação, que pode gerar ataques de pânico e de ansiedade, como exemplos. Existe a questão física, que é criada pela mente. Mas também tem a dimensão psicológica, dos ataques.
- Início no período da infância, podendo se prolongar
- Dores: são os sintomas mais comuns. Dores de cabeça, no ouvido, na garganta, no abdome, nas pernas, entre outras.
- Cólica idiopática (significa cólica espontânea, de causa desconhecida) entre 3 e 6 meses de idade
- Vômitos no primeiro semestre da enfermidade
- Anorexia, no segundo semestre
- Eczema infantil (uma inflamação na pele) de 8 a 24 meses de idade
- Dores abdominais: sobretudo entre 3 e 4 anos
- Dor de cabeça forte: entre 6 e 7 anos
- Asma: em torno dos 5 anos
Basicamente, como temos dito, pode ser em tudo, certo? Vemos a grande quantidade de sintomas que pode ter. Fique atento se o seu filho tiver algum problema físico sem um motivo igualmente físico para isso. Na verdade, talvez somente um médico vai poder encaminhar para profissionais de outras áreas. Ainda assim é importante ficar atento.
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Separamos alguns dos principais sintomas que acontecem nos sistemas mais comuns do corpo humano:
- No sistema digestivo: cólicas idiopáticas no primeiro semestre e mericismo (mais ou menos como ruminação, o alimento volta à boca e é novamente mastigado e engolido).
- No sistema respiratório: espasmo de soluço e asma.
- No sistema dermatológico: eczema do lactente e urticária.
- No sistema urinário: poliúria (urinar em excesso) e disúria (dor e dificuldade para urinar)
- No sistema cardiovascular: taquicardia e desmaio.
- No sistema nervoso: tontura, dor de cabeça.
- No sistema musco esquelético: tremores, tiques e espasmos.
Se você notou que o seu filho tem algum desses sintomas e o médico não encontra um motivo para isso, converse com ele. Provavelmente é uma boa ideia procurar profissionais de outras áreas dentro da saúde. Um psicólogo, por exemplo, pode ser uma boa ideia. Se for uma doença psicossomática, ele saberá avaliar melhor e como proceder.
Psicólogos afirmam que a pele e o sistema respiratório podem ser os principais espaços os quais você vai notar isso. Esses dois órgãos seriam símbolo do afeto. O contato insuficiente com os pais ou problemas desta natureza com pai ou mãe, pode trazer asma ou eczema, entre outras doenças.
Alguns profissionais apontam que crianças que são rejeitadas pelas mães normalmente acabam desenvolvendo uma série de problemas de pele, como os furúnculos. No caso da asma, em ambientes onde há instabilidade emocional, pode ser percebido que ela é mais facilmente desenvolvida. Em crianças com problemas de autoconfiança, introversão ou até agressividade, isso também pode acontecer.
Tratamento para as doenças psicossomáticas na infância
As doenças psicossomáticas na infância podem acometer diversos órgãos e sistemas do corpo da criança e do adolescente. Alguns acontecem mais em idades específicas e são mais comuns, outros não. Em relação ao tratamento, então? Como fica se pode atingir diversas áreas do corpo?
Bom, vamos pensar juntos. Se a criança tem um problema de origem psicológica e que afeta também a parte física do seu corpo, o que será mais indicado? Qual médico e especialista?
Se você pensou em um tratamento global, que envolva diferentes áreas, está certo. Ora, se é um problema que envolve fatores psíquicos e físicos, os dois devem ser tratados, certo? Não adianta curar ou tratar a parte física e esquecer do que originou ela. Também não dá para tratar apenas o psicológico e ignorar o que isso causou.
Normalmente a parte física deve ter prioridade sobre a psicológica. Imagine que seu filho sofre de depressão ou de ansiedade e isso acabou fazendo com que ele tivesse também uma crise aguda de asma. Se não tratar a asma logo, pode acabar tendo efeitos graves, como uma internação e até a morte. Então é melhor priorizar isso e depois de começar a controlá-la, ver também a questão da mente.
O tratamento psicológico irá buscar verificar essas origens de perturbações emocionais dos sintomas físicos. A partir dela, o profissional da área vai indicar um entre esses tratamentos:
- Reajuste da personalidade: sim, há uma tentativa de mudar aquilo que vem causando as enfermidades aparentes no corpo da criança. Isso é feito a partir de observações clínicas com a psicoterapia. Normalmente isso já é o suficiente para curar ou remediar o problema físico.
- Psicoterapia direta da criança: em caso de negativa do primeiro, busca-se outra solução, como esta.
- Tratamento psicoterápico dos pais: uma outra opção no caso do reajuste de personalidade da criança não funcionar. Tratar os pais também pode resolver, uma vez que muitas vezes o problema emocional dos filhos é oriundo do relacionamento com estes e do ambiente doméstico.
Especialistas afirmam que quando for ao consultório médico para tentar ver o que há com a criança e porque ela está doente (fisicamente), é melhor os pais falarem antes. O objetivo disso é que o pediatra tenha um acesso completo ao histórico daquele paciente, da enfermidade que ele tem e da vida dele. Só assim poderá entender melhor se a moléstia está sendo somatizada ou não. Depois, claro, examina e ouve a criança, de forma que ela se sinta segura para compartilhar o que ela tem a partir do ponto de vista dela.
Como prevenir as doenças psicossomáticas na infância
Agora que já vimos tudo sobre as doenças psicossomáticas na infância, para prevenir não há muito mistério, assim como também não é fácil. É difícil criar um ambiente saudável, mas só ele poderá servir de prevenção.
Vimos que as doenças psicossomáticas na infância são distúrbios psicológicos e emocionais que podem acabar ocasionando moléstias físicas em praticamente todas as partes do corpo. Selecionamos o que é mais comum de ser somatizado em cada idade, bem como indicamos como deve ser tratado – de forma holística, com profissionais do campo da mente e do corpo.
Em vista disso, entendemos que para prevenir o correto é tentar minimizar a exposição das crianças aos fatores que as possam deixar com essas adversidades emocionais. Se você notar que está começando a ter algum tipo de problema psicológico, como a depressão, crises de ansiedade ou estresse, já procure um profissional para ter uma opinião mais aprofundada.
Referências
https://pt.slideshare.net/MayluSouza/psicossomtica-na-infncia
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1947000100005
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